08/10/2008

Por que o dólar barato pode ser bom e ruim?

por Tiago Stachetti Batoni
O real apresentou forte tendência de valorização perante o dólar nos últimos anos. Para se ter uma idéia, a moeda americana, que já chegou a ser negociada próximo dos R$ 4,00 no final de 2002, vale hoje menos da metade desse valor, mas segue uma tendência de alta.
Para o economista André Martins Biancareli, professor do Instituto de Economia da Unicamp, levando-se em conta os fundamentos teóricos da economia, o dólar não deverá se desvalorizar ainda mais. “Esta conjuntura cambial não é um problema de hoje, mas uma realidade percebida desde 2005. Acredito que taxas próximas a R$1,50 como aconteceu há poucos meses dificilmente voltarão”, afirma.
O primeiro efeito de uma valorização do real frente ao dólar seria a diminuição da capacidade de exportação das empresas nacionais, pois elas perdem competitividade. No entanto, segundo André, são diversos os fatores que podem influenciar um mercado, e isoladamente não se pode dizer que um movimento como esse é necessariamente bom ou ruim: “Na economia, existem interesses muito conflitantes. o que se observou nos últimos anos foi que as empresas exportadoras de commodities e minérios não foram tão prejudicadas quanto o previsto, pois mesmo com o dólar em queda, como estava, o valor dessas mercadorias em dólar subiu no mercado internacional”.
Já um fator positivo do dólar barato é a possibilidade de modernização das indústrias nacionais e redução dos preços praticados no mercado interno, pois facilita a importação de máquinas, equipamentos e itens de consumo. No entanto, se a tendência se mantém por um período muito prolongado pode levar à falência alguns setores da economia, afetados pela concorrência com produtos vindos de outros países.
Ainda segundo o economista, apesar de a taxa básica de juros brasileira continuar atraente se comparada a outros países emergentes, já se pode perceber fuga de capitais causada pela eminência de uma crise internacional, e isso provavelmente impedirá que o dólar se desvalorize ainda mais. "Essa fuga é preocupante. Para se ter uma idéia, grande parte dos analistas prevê que a balança comercial brasileira terá, já neste ano, um resultado inferior ao previsto, e que em 2009 são grandes as chances de déficit.”

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